Entrevista com o brasileiro Rafael dos Anjos



Dono de um Jiu-Jitsu apurado, o faixa-preta Rafael dos Anjos está feliz com a convocação para lutar no UFC 132, especialmente contra outro especialista na luta de solo, George Sotiropoulos. Em entrevista exclusiva à TATAME, o pupilo de Roberto Gordo analisou a peleja e se disse pronto para mostrar sua superioridade na arte suave, falou sobre a recuperação após a cirurgia no maxilar fraturado e analisou a movimentada categoria dos pesos leves, acreditando que Gilbert Melendez, campeão do peso no Strikeforce, não conseguiria manter o mesmo sucesso caso estivesse lutando contra os tops do UFC.


Como estão os treinos para a volta ao UFC?



Os treinos estão fortes, já estou treinando há três meses. Eu estava imaginando que ia lutar por agora mesmo, julho, agosto... E eu já estava vindo em um ritmo bom, agora é só aumentar um pouco e deixar para fazer uma manutenção do treino faltando trinta dias para a luta.



Como foi a recuperação da cirurgia que você fez no maxilar?



Foi bem complicado, cara. Eu passei por maus momentos, mas graças a Deus deu tudo certo, me recuperei bem, estou me sentindo confiante. O queixo está mais duro do que antes.


O que você espera da sua luta com o Sotiropoulos, que assim como você é muito duro no chão?


Eu acredito que, como nós somos faixa-preta, a gente gosta de fazer a luta no chão. Até hoje, todos os adversários que eu tive no UFC foram lutadores que fugiam do jogo de chão, então estou amarradão porque eu vou pegar um cara que vai querer fazer jogo de chão comigo, como ele faz em todas as lutas. Estou treinando bastante Jiu-Jitsu com o mestre Gordo, treinando bastante aqui com a galera da academia Evolve, e estou com tudo para me dar bem nessa luta e voltar bem melhor... Voltar e ganhar de um cara que tem nome no evento vai ser muito bom para mim.


O único que não fugiu do chão com você foi o Terry Etim, que acabou finalizado...!!


É verdade, é verdade... Ele tem uma guilhotina forte, mas consegui me dar melhor na luta.


O que você achou da última luta do Sotiropoulos, quando ele acabou perdendo para o Dennis Siver? Conseguiu perceber alguns pontos fracos dele?


Ele tem um bom Jiu-Jitsu, tem gás, um Boxe bom também. Ele não usa muito as pernas para chutar... O Wrestling dele também não é um dos mais fortes, então acho que tenho que trabalhar mais nessa parte, nas brechas que ele vai me dar, tenho que dar um gás nessas duas coisas.


Todos os lutadores brasileiros queriam estar no card do UFC Rio. Você ficou chateado por não ser chamado para esse evento?


Não. Eu estou dentro do UFC 132. O que eu estava querendo era lutar. Eu penso isso: eu não estou fora do UFC Rio, eu estou dentro do outro. Eu não fiquei chateado, não fiquei nada. Eu estou amarradão de lutar.


Ia rolar a disputa de cinturão do seu peso entre Frankie Edgar e Gray Maynard, mas os dois se machucaram... Você acha que essa é a categoria mais embolada do UFC?


É, cara. Deu uma embolada. Tinha o tira-teima dos caras, a terceira luta... Eu acho que deu uma embolada, vai dar uma atrasada em quem já está ali cercando o cinturão, mas isso é bom também. Tem muita gente na categoria, tem muitos contratos para o UFC colocar para frente, tem muito lutador do WEC. É bom que esse atraso pelo cinturão vai dar uma peneirada... Eu acho que eles estão fazendo meio que uma eliminatória, e enquanto isso vão botando as outras lutas para rolar e vão diminuindo a quantidade de lutador nessa categoria.


Eles ainda compraram o Strikeforce, e já tem gente pedindo uma luta do Frankie Edgar com o Gilbert Melendez...!!


É. Os caras dominaram tudo. É a evolução do UFC, já está sobrando perto dos outros eventos de MMA. É aquilo: não pode com eles, junte-se a eles.


Você acha que o Melendez teria condições de conquistar o cinturão do UFC, contra nomes como Edgar, Maynard ou Anthony Pettis?


Acredito que não. Mas, no MMA, é difícil... É um esporte que não é fácil de não perder. Acontecem coisas na lutas que, por um detalhe, você pode perder a luta. Por mais que você seja melhor do que o cara, não é um esporte difícil de perder. Você pode estar muito bem na luta, mas aí tomou uma pancada e se complica todo... Pode ter uma fratura do jeito que eu tive... É um esporte complicado, mas, a princípio, fora dessas coisas diferentes que possam acontecer na luta, acho que ele não teria chances de lutar contra esses caras do UFC.


Você passou um tempo em Cingapura enquanto se recuperava do maxilar. Como está a sua evolução na parte de trocação? Você pretende ir para lá de novo antes dessa luta?


Não... Cingapura foi para me recuperar de verdade, precisava de um tempo. Eu treinei mesmo Muay Thai no último mês e meio que estava lá. Eu estava me recuperando e com a minha família, de férias. Não tem condições de ir para lá antes dessa luta, mesmo porque a luta vai ser em Las Vegas, é completamente diferente o fuso horário, o clima, tudo... Tenho que ficar por aqui mesmo.

Entrevista feita por: Tatame.com

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