Analise por Daniel Fucs dos combates de boxe

 

Não foi o que se esperava. Venceu o favorito Manny Pacquiao por pontos (120-107, 120-108 e 119-108), mas o respeito que ele e Shane Mosley tiveram um pelo outro foi visível. Todos nós sentimos falta daquele Pacquiao que ataca o tempo todo. Mas quem leu meu comentário do dia 5, ou assistiu a transmissão pela TV, deve estar lembrado que eu esperava uma atitude de cautela por parte do filipino.
Para ser franco, eu imaginava um Shane Mosley mais corajoso, partindo mais vezes para o ataque. Esta expectativa aconteceu após acompanhar, mesmo de longe, a cuidadosa preparação do norte-americano para o combate. Mas em diversos momentos o olhar de Mosley foi de receio, nada compatível com o grande campeão do passado que foi capaz de grandes vitórias, como as duas que obteve sobre Oscar de La Hoya no auge do “Golden Boy”.
Após a luta, Mosley declarou que viu brechas que permitiriam atacar Pacquiao, porém imaginou que pudessem ser armadilhas e preferiu manter-se prudente. Se alguém espera este procedimento de um grande campeão é outra história. A verdade é que contra Floyd Mayweathewr Jr., Shane Mosley foi mais ousado enquanto pôde.
Manny Pacquiao após a luta declarou que sentia-se preso no ringue, sem muita mobilidade. É possível que a preparação tenha “passado do ponto”. A preocupação da equipe com o adversário foi sentida por todos que acompanham detalhadamente este esporte. Pacquiao declarou que durante todo o combate estava preocupado com os contra golpes do adversário e precisou adotar um posicionamento no ringue para não se expor em demasia.



Poucos foram aqueles que acreditaram e noticiaram as palavras do treinador Freddie Roach na semana da luta, discursando que Pacquiao deveria nocautear Mosley. Quem conhece o fantástico treinador sabe que quando divulga algo é porque realizará o inverso.
A próxima luta de Pacquiao não está marcada. Motivado pelas declarações da equipe de Juan Manuel Marquez, que o mexicano gostaria de uma terceira luta contra o filipino, o promotor Bob Arum informa que ofereceu 5 milhões de dólares à Marquez para que o combate seja realizado no fim do ano. Como não foi divulgada a resposta de Marquez, que tem luta programada para julho com oponente ainda não definido, acredito que a oferta pegou de surpresa o mexicano e a equipe ficará mal se recusar o combate.
Jorge Arce, o herói da noite
Sem dúvida, o combate mais emocionante do espetáculo no MGM de Las Vegas foi a espetacular vitória de Jorge Arce, tomando o título WBO dos super galos do favorito Wilfredo Vazquez Jr. O sinal da emissora geradora foi interrompido do 7º ao 9º round e com isso a análise ficou prejudicada. Entretanto, foi possível perceber que a garra demonstrada mais uma vez por Arce era patente. Foram o coração, persistência e força de vontade que levaram Jorge Arce superar o favoritismo e a maior técnica de Vazquez Jr. conseguindo a vitória por nocaute técnico no 12° e último round.



A categoria dos super galos foi a 4ª em que Arce se sagrou campeão mundial. Sem dúvida, a vitória coloca-o como um dos mais importantes pugilistas mexicanos da história e um exemplo de dedicação e garra que um esporte tão exigente como o boxe obriga.
Pavlik decepciona
Apesar da vitória majoritária (99-91, 98-92 e 95-95) eu esperava mais de Kelly Pavlik. Alfonso Lopez é determinado, tem alguns bons recursos, mas não seria páreo para o Pavlik de dois anos atrás. Vi a vitória de Pavlik, sem o exagero de 99-91. Mas falando nisso, o que foi esse empate de 95-95 do terceiro juiz? Viu outra luta.

Espero que Kelly Pavlik esteja realmente recuperado dos problemas e que o boxe apenas regular apresentado seja fruto da inatividade. Seu talento é indiscutível.
Narth se justifica
Uma surpresa durante as preliminares foi a desistência, aparentemente sem motivo, que levou Ray Narth não retornar para o 4° round contra Mike Alvarado. Depois do evento, Narth informou que após a pesagem oficial realizada na véspera, comeu algo que não lhe fez bem. Passou a noite vomitando. Tomou a decisão de lutar assim mesmo para não prejudicar o espetáculo, mas muito fraco não resistiu mais de três rounds. Com isso, Alvarado tornou-se Campeão Continental das Américas.

Comentários